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Arquitetos: Daaz Office
- Área: 480 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Deed Studio
Histórico do Projeto - O projeto é fruto de uma chamada pública para a construção de uma escola com abordagem de desenvolvimento sustentável por uma organização não governamental chamada Iran-e-Man, que atua na área de construção de escolas há vários anos. Por outro lado, está o desejo dos jovens da vila Seyedbar-Jadgal (a 100 km de Chabahar) de construir uma escola na sua cidade. Como resultado, a equipe de arquitetura e os facilitadores começaram voluntariamente a projetar e supervisionar o processo de construção. Inicialmente, a equipe realizou estudos arquitetônicos e sociais na vila e no entorno por vários meses. De forma participativa, as necessidades e deficiências, potencialidades e capacidades das aldeias e povos foram identificadas, tematizadas e priorizadas.
Considerando que este projeto possuía um orçamento limitado e seria construído apenas com doações, não planejamos um cenário "construir e doar" e optamos por um método de construção participativo que promovesse o desenvolvimento sustentável e produzisse resultados sociais, econômicos e infraestruturas culturais. Com isso, projetamos uma escola com a ideia de se tornar a vila e o centro de desenvolvimento de suas comunidades dependentes. Desta forma, a escola é um lugar de educação para as crianças e um ponto de encontro e aprendizagem para todos na aldeia.
Para concretizar esta ideia, e em cooperação com os facilitadores sociais, alguns trabalhos fundamentais como organizar o trabalho em grupo, convidar os aldeões a manter a higiene e limpeza da vila, construir fossa séptica, montar uma oficina de bordado e uma página no Instagram - chamada @Banook para mostrar e vender produtos de bordado - foram realizados. Dessa forma, as mulheres da aldeia se engajavam em atividades sociais. No entanto, isso também promoveu a presença delas nos âmbitos sociais e econômicos ajudando-as a serem vistas socialmente como mais eficazes. Além disso, em coordenação com o método de desenvolvimento de participação social, os moradores ajudaram trabalhando na construção da escola. Mas isso não foi tudo, pois as famílias da aldeia também contribuíram financeiramente, inclusive vendendo bordados para a escola se materializar. Assim, a edificação foi construída com a participação do público e conquistou a boa vontade de todos da aldeia.
Atualmente, para além da função educativa, esta escola tem outras funções como um parque infantil nas noites e feriados, um ponto de encontro para os aldeões e suas famílias, um local para assistir a filmes e futebol em grupo, uma biblioteca e um centro turístico. A escola é gerida e mantida por uma equipe de aldeões e professores, e parte dos rendimentos do turismo e venda dos bordados é gasto na sua manutenção. Dessa forma, a escola é construída e mantida com a participação dos moradores.
Descrição do Projeto - A escola de Seyedbar Village, com 470 m² em um andar, é composta por quatro salas de educação primária com capacidade para serem combinadas e sobrepostas umas às outras, uma biblioteca, uma sala multifuncional que funciona como sala de conferências, oficina ou sala de exames, e pátios de jogos, principais e secundários, que são projetados com o objetivo de se tornar o centro comunitário da vila e educar toda a sua população.
Considerando a população de alunos em relação aos professores da vila, e aderindo aos códigos de renovação escolar, a escola precisava de quatro turmas. Ao projetar as salas, a cada duas há uma variação de tamanho e elas são conectadas umas às outras. Na categoria maior, há um espaço intermediário que permite aos alunos mais novos ingressarem na turma maior, aproveitando a formação de um único professor, necessária devido à limitação de docentes, além de oferecer um espaço para se engajar com estudantes mais avançados.
Material, Construção e Tecnologia - Em aliança com os códigos de reforma escolar da Instituição Legislativa e Controle da Construção Escolar no Irã e a necessidade de construir estruturas resistentes a terremotos, a escola foi construída com o método ICF, com fôrmas de concreto isolante. Utilizando painéis de poliestireno (EPS), perfis de ferro galvanizado e concreto armado, a estrutura foi construída sem pilares – graças às formas curvilíneas do projeto. A camada de revestimento final que foi aplicada é um material "semi-local" composto por cimento e terra local chamado Simgel que evita a ferrugem devido a inundações e chuva excessiva e cria harmonia com as cores e texturas circundantes. Em caso de rachadura, o material pode ser facilmente reparado pelos moradores.
Significado e Impacto do Projeto - A forma circular do pátio da escola e a maneira como as salas são organizadas estão alinhadas com o conceito focal de educação que significa "aprender juntos" - sem sistemas hierárquicos e em estilo democrático. A rotação do layout das salas, ao conectá-las em suas extremidades, permite a circulação de ar entre elas e produz pequenos pátios secundários para realizar alguns trabalhos em grupo e atividades ao ar livre. Consequentemente, com este diagrama espacial, ganhamos um pátio primário central no meio da escola como ponto de encontro para crianças em idade escolar e moradores da aldeia, um espaço circular em torno das salas e entre o muro circundante, além de pátios privados.
O conceito de muro circundante é tradicionalmente entendido como proteção e separação e geralmente significa um dispositivo construído em alvenaria. Neste projeto, no entanto, pela localização única da escola, estando no meio de um vasto campo relativamente plano, o muro da escola foi tratado como uma concha lúdica permeável e convidativa. As aberturas no interior da parede são dispostas de forma que, do ponto de vista de uma pessoa sentada na sala de aula, a extensão da planície circundante possa ser vista. Com vários tamanhos e formas, essas aberturas proporcionam aos alunos diversas entradas para chegar à escola. Além disso, ao aumentar a espessura dessa parede contínua, porém permeável, algumas funções essenciais do edifício como mercearia, guarita e depósito foram alojados enquanto a entrada principal foi enfatizada, ganhando profundidade e convidando as pessoas para dentro.
Ao projetar esta escola, vislumbramos a educação como um conceito dialético, bilateral, participativo e, portanto, os espaços escolares convencionais que atuam como plataformas dessas ideias foram transformados desta maneira: convertendo o muro da escola de "elemento separador" para uma estrutura que atua como uma pele lúdica permeável e sem fronteiras que convida as pessoas a se reunirem e incentiva a cultura da comunidade enquanto reforça a comunicação entre as pessoas. Essa transformação foi realizada para destruir a hierarquia e fortalecer a cultura do questionamento, iluminando o significado mais básico de ir à escola, que é o "estar junto". Em conclusão, pretendemos criar uma escola que seja um ninho para nutrir a criatividade, a liberdade e o pensamento crítico.
O projeto começou com um esforço para mudar as camadas intelectuais e sociais dos moradores, empoderar as mulheres rurais, criar participação pública e transformá-la em uma alavanca na construção de uma escola. Por fim, desafiou-se o conceito político e social da fronteira (muro) entre o livre-arbítrio e a coerção na presença da escola - em uma sociedade tradicionalmente dominada pela tirania - capaz de subjugar a maioria dos aldeões que inicialmente se opôs à construção do muro - fazendo da escola o centro do bairro e ponto de encontro de todos os moradores. Um exercício para influenciar a arquitetura na transição para a democracia.
